O Roubo da Monalisa

                Jaccquin finalizava os preparativos para a grande noite. Suas mãos suavam um pouco e parte era por causa do terrível calor que fazia na capital parisiense. Mas o suor de Jaccquin era aquele suor frio, mesmo.
                Conferiu sua mala mais uma vez e então olhou pela janela do hotel e vislumbrou o seu destino o Museu do Louvre.
                No criado mudo do hotel uma garrafa meio vazia e um copo meio cheio de uísque. Desviou o olhar da paisagem e o voltou para o copo, o pegou e então deu um gole que acabou com toda a bebida. Aquilo pareceu ter um efeito tranquilizante e ao mesmo tempo passava mais confiança a Jaccquin, que olhava seu relógio, nervoso, pois a hora se aproximava.
                Vocês podem achar estranho a reação de um francês nervoso em relação ao Museu do Louvre e é claro que Jaccquin já estivera lá inúmeras vezes. Inclusive ele se lembrava da primeira vez em que fora levado ao Museu do Louvre, seu avô era um grande aficionado por arte e por toda a história francesa. Logo quando chegaram seu avô lhe disse uma frase que Jaccquin jamais esqueceu. E eu gostaria muito de poder lhes dizer, mas, infelizmente, eu não falo francês. De qualquer forma, isso não interessa.
                Para Jaccquin aquela não era apenas mais uma visita habitual ao Louvre, não senhores. Naquela noite ele iria roubar a La Gioconda, a Monalisa.
                Há algum tempo um numero privado ligara em seu celular. Era uma tarde ensolarada em Paris. O vento lambia as folhas das árvores e deixava um clima bem gostoso para quem estivesse na rua. Jaccquin andava admirando a paisagem ao redor até que despertou de seu transe com seu celular tocando. Atendeu e tudo o que pode ouvir foi um leve chiado até que então uma voz disse com certa urgência que necessitava conversar com Jaccquin, porém ninguém poderia saber dessa reunião.
ão perguntou sobre o que se tratava tudo isso porular, Jaccquin atendeu e tudo o que pode ouvir foi um leve chiado atDe certo Jaccquin não entendia o quê estava acontecendo, então perguntou qual era o motivo de tudo aquilo, pensou até mesmo ser um trote e pensou em desligar, porém do outro lado da linha ouviu algo que lhe impediu de desligar. Era a voz de sua mulher agora ao telefone, pediu que ele tivesse calma e que no momento certo tudo faria sentido, mas que ele precisava confiar nas instruções em que receberia a seguir. Logo a outra voz retornou à chamada e disse que se encontrassem numa cafeteria não muito distante dali, às exatas 14h34.
Claramente a hora deixara Jaccquin muito curioso, mas ele estava muito mais preocupado com o que estava acontecendo e no que sua esposa estava envolvida. Suspirou e então conferiu o seu relógio e percebeu que o horário já estava bem próximo e se quisesse chegar, segundo as instruções, teria que apertar um pouco o passo.
Começou a caminhar em direção à cafeteria onde encontraria com seu interlocutor misterioso. Muito embora caminhasse determinado, ia sem prestar muita atenção no caminho, estava distraído montando inúmeros cenários em sua cabeça. Eram tantos os cenários criados que ele esqueceu de prestar atenção naquele em que se encontrava. Pisou num cocô de cachorro. “Merd.”, pensou.
Foi pulando num pé só até uma parede, para que pudesse ver o estrago. Infelizmente, mais uma vez, prestou mais atenção à sola embostada do que ao caminho. Pela calçada vinha uma alegre ciclista com uma cestinha à frentes da bicicleta. Jaccquin e a jovem moça acabaram se trombando. O impacto não só derrubou Jaccquin, como fez com que ele caísse em uma possa d’água. Um “Me desculpe.” apressado e logo a jovem já estava em seu caminho novamente.
Aquilo já era um pouco demais para Jaccquin, que além de estar todo sujo, agora já estava oficialmente atrasado para o encontro.
A fúria que sentiu não permitiu que desviasse sua atenção para mais nada além de seu caminho. Foi caminhando com uma cara bem contrariada até a cafeteria. Parou em frente e então começou a olhar ao redor para ver se conseguia ver um rosto familiar, em especial de sua esposa. Não viu ninguém, então entrou no estabelecimento.
Sentou-se em uma mesa e percebeu que atraia alguns olhares devido ao seu estado pouco apresentável. Um casal de senhores pediu para mudarem de mesa devido ao odor que sentiam ao redor de Jaccquin, mas ele não se importou. A verdade é que seu pensamento voltou novamente para sua esposa e sua segurança.
Um garçom veio lhe atender, o incômodo era visível em seu rosto. Jaccquin pediu um café, preto e com açúcar. Pediu com um sorriso amarelo, o garçom o mediu de cima a baixo e então se retirou.
Um minuto se passou até o retorno do garçom com seu café, sentiu-se agradecido, pois um pouco de cafeína poderia ajudar a colocar seus pensamentos em ordem. Tomou um gole de café e fez apenas o que podia fazer: esperar.
Ele estava sentado defronte para uma janela, enquanto dava um segundo gole em seu café, a claridade a sua frente fora tapada por uma sombra.
- Você está atrasado.
- Como é? – disse Jaccquin repousando a xícara de café na mesa.
- Você está atrasado. Marcamos às 14h34 e você está atrasado 10 minutos.
- Meu senhor, veja bem... – Jaccquin foi interrompido.
- Escute, não temos muito tempo. Logo descobrirão onde estamos e definitivamente nós não queremos ser vistos juntos, para o seu próprio bem. No bolso esquerdo de sua jaqueta você irá encontrar as próximas instruções do que deverá fazer.
              Jaccquin logo levou a mão ao bolso e então tirou um rolinho de papel. Ficou atônito. Como? Como ele estava em posse de algo e não percebera e ainda mais de algo que antes não estava ali.
- Ei, mas, mas... Espere. Como? Como você...? Quem é você?
- Isso não vem ao caso agora, tudo o que você precisa saber estão nessas páginas. Guarde-as e não as mostre para ninguém, ouviu?
                Jaccquin só conseguia piscar seus grandes olhos enquanto ainda estava boquiaberto.
- Nós não queríamos que as coisas fossem dessa maneira, mas temos certeza que logo você irá compreender. Contamos com a sua ajuda e o seu papel é de extrema importância para nós.
                O homem que chegara sem qualquer tipo de apresentação e nem se dera ao trabalho de, sequer, se sentar, então olhou pela janela, deteve-se alguns instantes na praça onde se localizava a cafeteria e então se voltou a Jaccquin.
- Nosso tempo é curto, prometo que compreenderá tudo o que lhe entregamos. A sua esposa...
- A minha esposa! O que vocês fizeram com ela? Ela está bem? Vamos, me diga.
- Sim, sua esposa está bem como você mesmo pode ter notado.
- Do que você está falando? Não sei sobre a minha esposa, apenas que ela me disse para estar aqui. Era você ao telefone? – Jaccquin tentou recuperar a voz ao telefone, parecia ser um pouco mais grave do que a voz daquele sujeito, mas bem que poderia ser ele.
- É claro que sabe, afinal de contas ela mesma lhe entregou esta mensagem quando esbarrou com você na bicicleta.
                Jaccquin ficou em choque. Não seria possível, como ele não reconhecera a própria esposa? É claro, ele estava um pouco distraído, mas não. Não deixaria de reconhecer a mulher com quem dividia uma vida. Ou será que sim? Tudo estava muito confuso e não fazia sentido.
- Temo que nosso tempo aqui tenha se esgotado. Contamos com você.
                Sem dizer qualquer outra palavra, o homem que estivera ali, se fora. Deixando apenas Jaccquin, seu café e sua descoberta carta.
                O garçom então ressurgiu com bule na mão e perguntou se Jaccquin aceitaria mais café. Ainda atordoado Jaccquin estendeu a mão para o bule e pediu que o garçom o deixasse ali mesmo. Sem entender o que estava se passando, o garçom atendeu o pedido de Jaccquin, aproveitou que ele era o único cliente e então disse à sua colega que iria tirar sua pausa.
                Jaccquin se serviu com mais café e ficou olhando o rolo de papel em sua mão. Colocou-o sobre a mesa e o ficou encarando um bom tempo. Ele ainda estava com problemas para aceitar o que estava acontecendo, afinal de contas, ele não sabia o que estava acontecendo.
                Depois de mais uma xícara de café, sentiu que a cafeína começava a fazer seu efeito. Pegou o rolo em suas mãos e então o abriu.
                “Jaccquin, meu querido. Como eu gostaria que as coisas fossem diferentes, meu amor. Mas infelizmente chegou a hora.
                Esperávamos que este dia não chegasse ou pelo menos que não chegasse tão sem prévio aviso. Porém não há mais como lhe poupar. Meu nome não é Simòne, me chamo Gabrielle. Faço parte de uma, bem, digamos assim, organização que há muito tempo vêm cuidando dos interesses da França. Nosso dever é proteger nossos segredos mais antigos de nossos rivais.
                Há muito tempo impedimos que a verdadeira história de nossa civilização caiam em mãos erradas. Seu avô, um grande mentor para mim, entendia bem o que estava em jogo e por isso me colocou em seu caminho. Infelizmente nem todos ao redor de nossos agentes são envolvidos em nossa organização, ou pelo menos até que a hora certa chegue. Seu avô gostaria muito de poder ter lhe contado tudo, mas não podemos nos revelar para ninguém.
                Sinto muito você descobrir desta forma, tanto sobre mim, quanto sobre seu avô, porém saiba que ele apenas queria o seu bem, assim como o de nossa sociedade.
                Mesmo não podendo lhe contar sobre sua verdadeira ocupação, seu avô assegurou que você fosse envolvido, caso esse dia chegasse. E assim a sua última vontade se cumpre.
                Sei que você deve ter muitas perguntas agora, porém tudo será explicado, eu prometo. Mas nós precisamos de você, Jaccquin. A França precisa de você. Eu preciso de você.
                Descobrimos recentemente que uma antiga organização rival está planejando o roubo da Monalisa. Entendo que isso pode lhe deixar confuso sobre o seu envolvimento. Porém este quadro contém parte essencial de nossa história e de nossa linhagem, não podemos deixar que isso seja destruído. Nossa Gioconda possui um grande segredo e que deve permanecer um segredo.
                Jaccquin, precisamos que você roube a Monalisa antes deles. Sabemos que você consegue e acima de tudo precisamos que você, como diretor da segurança, o faça. Jamais suspeitariam de você andando aos arredores do Louvre tão inesperadamente.
                Temos a informação de que nossos rivais agirão em breve, então está tudo preparado para que o roubo aconteça amanhã à noite. Você ficará hospedado em um hotel próximo ao Louvre e assim que retornar com a real pintura tudo estará bem novamente e então poderemos agir a partir daí. No quarto do hotel você encontrará todo o equipamento necessário para que transporte o quadro em segurança. Lembre-se, é um quadro muito frágil, então seu transporte deve ser delicado, apesar de rápido. Sei que o que pedimos é muito.
                No lugar, uma réplica deverá ser colocada. Você também a encontrará junto ao restante do material.
Por favor, Jaccquin. Precisamos de você.”
Absolutamente os olhos de Jaccquin não conseguiam crer no que acabaram de ler. Pelo menos mais duas vezes releu a carta. No final o nome do Hotel e o quarto foram revelados. Pensou em rir, aquilo não poderia se passar de nada além de uma brincadeira de mau gosto. Mas admitiu para si que até as brincadeiras de mau gosto vão até um certo limite.
Serviu-se de mais café e mais uma vez lera a carta. Dessa vez com a raiva de um homem traído, traído por sua esposa, traído por seu avô, que cuidara dele. Não, aquilo não era verdade. Mas, e se fosse?
Ora, essa era muito boa. De Jaccquin, o chefe de segurança do Louvre, um trabalhador qualquer, ele fora para Jaccquin, o agente duplo e nem sequer parecia ter uma chance de escolha. Sentiu como se seu destino já estivesse selado.
Pagou o café e saiu daquele lugar. Precisava de ar. Sim, um pouco de ar lhe faria bem. Então rumou para o apartamento que dividia com Simòne, exato, Simòne, sua esposa, uma professora do ginásio e não Gabrielle, uma agente.
Chegou ao apartamento e por um momento retomou a ideia daquilo tudo ser uma brincadeira. Ele abriria a porta e Simòne estaria lá. São e salva. Eles até ririam de tudo aquilo. Porém quando abriu a porta apenas Antoin, o gato, estava lá. Nada de Simòne.
Jogou-se no sofá da sala, queria dormir um pouco, talvez tudo aquilo não passasse de um sonho, mas Antoin, subiu em suas costas e começou a se ajeitar para deitar. Aquilo pareceu real demais a Jaccquin para acreditar estar num sonho. Levantou de um supetão derrubando Antoin, que posicionou suas orelhas rajadas para trás, decidiu que precisava de um drink, não era muito de beber, mas as pessoas faziam isso nessas situações. Achou uma garrafa de um uísque e começou a bebê-lo no gargalo.
A noite chegava e Jaccquin ainda encontrava-se no sofá. Antoin miou reivindicando seu jantar. Jaccquin o olhou e o gato encarou de volta. “Ora essa! Mas até o gato deu pra falar o que eu tenho que fazer, agora!”, pensou . Então deixou a garrafa na mesa de centro e foi dar de comer ao gato. Ele mesmo não estava muito para comida, na verdade sentia-se um pouco enjoado.
Achou melhor tomar um banho, afinal de contas caíra numa poça d’água e ainda sentia-se sujo por ter pisado em coco de cachorro.
No banho começou a refletir. “Roubar o Louvre? A Monalisa?”, “Por quê eu, mon die?”, “Não, não me importo, estou farto disso. Eles que se resolvam, eu não vou colocar a minha segurança em risco, não senhor.”, “Mas e ai o que me acontece se eu não fizer?”, “O que aconteceria com Simòne?”, “Não, Gabrielle, pelo jeito ela pode se virar muito bem sem mim.”, “Merd. Merd. Merd.”, “Bom, como chefe da segurança não deve ser muito difícil de roubar a Monalisa.”, “Mas o que é que eu estou dizendo?”, “Bom, me parece muito grave o que pode acontecer pelo tom da situação.”
- Eu vou roubar a Monalisa! – não percebeu, mas falara isso em voz alta. Olhou ao redor e não achou qualquer outro olhar que não fosse o de Antoin. Encarou o gato e então repetiu:
- Antoin, eu vou roubar a Monalisa.
                E é assim que Jaccquin, meus caros, se encontra nesse quarto de hotel. Agora vocês podem entender que seu nervosismo não é à toa. A carta de sua esposa também dizia o horário que o roubo deveria ser feito, pois tudo deveria ser sincronizado, como num balé.
                A valise que deixaram para Jaccquin parecia normal ao olho nú, mas seu conteúdo estava cheio de artimanhas preparadas para um roubo. Naquela noite deixou  hotel de valise na mão. Muito embora ninguém reparasse nele, sentia-se vigiado.
                Chegou ao Louvre e não teve problemas para entrar, afinal de contas ele era o Chefe da Segurança. Alguns dos funcionários estranharam sua presença, não só pelo horário, mas também por ser um dia de sua folga. Ele então disse que estava fazendo uma inspeção a pedido do curador do museu. Jaccquin trabalhava já há um bom tempo para que alguém duvidasse de suas intenções. Sempre fora funcionário exemplar.
               Foi à central de câmeras e o encarregado da noite era Marlon, um senhor que adorava vinho e uma boa história. Jaccquin gostava muito de Marlon, inclusive já fora em sua casa e jantara com sua esposa. E agora ele estava ali, pensando num modo de mentir ao colega para que ele liberasse a sala. A desculpa que arranjou foi que tivera ordens do próprio curador para que uma investigação na ala egípcia fosse conduzida aquela noite. Marlon reclamou um pouco e perguntou sobre o que era, mas Jaccquin disse que apenas precisava que Marlon ficasse na ala para reforçar a segurança. E lá se foi Marlon, mas não sem antes notar que Jaccquin possuía uma mala. Achou aquilo um pouco estranho, mas não comentou nada.
                Marlon perguntou se Jaccquin não viria e ele disse que apenas precisava checar as câmeras. Observou então em um dos painéis que um de seus colegas fazia ronda na ala onde se encontrava a Monalisa. “Ótimo, terei de mentir de novo.”, pensou.
                Jaccquin foi em direção ao encontro de sua bela dama com quem teria de fugir naquela noite. Chegando lá encontrou com Anselme, um jovem guarda, pelo menos esse não seria tão difícil de enganar, afinal Anselme estava lá há poucos meses. Jaccquin deu a mesma desculpa a Anselme e pediu que ele se dirigisse a ala egípcia.
                E então finalmente eram apenas ele e a Gioconda. Ultrapassou a barreira inicial que protege que as pessoas se aproximem do quadro e ali começou a trabalhar para a remoção do vidro de proteção. Enquanto estava na sala de controle, Jaccquin desligara os alarmes do museu. Ele, por um momento, pensou na dimensão de como estaria em apuros, caso fosse pego. Mas voltou ao trabalho. Tudo estava indo maravilhosamente bem, ele havia conseguido remover e embalar o quadro original e estava pronto para colocar a cópia no lugar, quando foi surpreendido por um grito, era Anselme que havia retornado para busca-lo, a pedido de Marlon.
                Anselme então correu em direção a Jaccquin, porém este já estava de pé e preparando para correr. Anselme não entendia porque nenhum alarme estava soando ou então porquê as portas não estavam descendo, ele corria ao máximo para alcançar Jaccquin, mas o Louvre era grande e Jaccquin o conhecia como a palma de sua mão. Não foi difícil fazer com que Anselme fosse despistado em seus grandes corredores.
                Que merda, pensou Jaccquin. Estava tudo indo tão bem, por quê aquele tapado tinha que voltar? Isso já não tinha mais importância, tudo o que ele precisava fazer era correr o mais depressa que conseguia. Agora mesmo é que não podia se dar ao luxo de ser pego, caso contrário como explicaria aquela situação?
                A saída estava próxima, Jaccquin já podia vê-la. Sentiu um alívio que foi interrompido pelas sirenes do museu. O susto fez com que vacilasse um pouco, mas recuperou-se logo e correu mais ainda. Correu até sentir o vento em seu rosto. Seus passos irromperam pelo pátio externo do Louvre, deixando para traz não só o Louvre, mas o Jaccquin que ele próprio conhecera. Ele sabia que precisaria ir ao Hotel, mas como? Ele fora descoberto.
                Continuou correndo sem pensar até que uma van, quase o atropelando, para em sua frente. As portas laterais se abrem e Jaccquin é abduzido para dentro da Van. Caiu sentado no meio da van, enquanto recuperava seu fôlego deparou seu olhar no do sujeito que estivera com ele na cafeteria no dia anterior. Continuou olhando em volta e para sua surpresa ela estava lá, Simóne. Sentiu alívio, mas também raiva. Que ficaram suprimidos por seus suspiros e sugadas de ar.
                Simòne então foi em direção a ele e Jaccquin por um momento achou que ela ajudaria ele a levantar, mas não, ela foi em direção ao tubo que Jaccquin carregava. Na van era possível ver uma mesa improvisada, onde logo o tubo foi colocado e aberto.
                Jaccquin até duvidou se estavam em movimento, tamanha era a tranquilidade da viagem dentro da van.
                O sujeito desconhecido logo se juntou a Simòne e os dois abriram a Monalisa na mesa. Simòne então começou a revirar a bolsa que trazia consigo e de dentro tirou uma caneta, um limão e um canivete.
                Ela então cortou o limão em quatro gomos e foi em direção a pintura. Jaccquin que já tinha recuperado boa parte do fôlego, tentou impedi-la. Uma coisa era roubar a Monalisa para proteger um segredo, outra seria destruí-la.
                O sujeito então afastou Jaccquin, que insistia em não deixar que fizessem nada com a pintura. Outro dois sujeitos dentro da van precisaram segurar Jaccquin.
- Calma Jac, prometo que vai dar tudo certo.
                Simòne então pegou um gomo do limão e começou a passar no quadro, Jaccquin se contorcia ao ver a cena. Depois de passar o limão por toda a superfície, Simòne pegou a caneta. Os dois sujeitos precisaram fazer mais força para segurar Jaccquin, pois ele achou que ela iria riscar a pintura. Ao invés disso, quando ouviu um click viu uma luz avermelhada saindo da ponta da caneta. Simòne então começou a passar a luz por toda a extensão da pintura, como se a estivesse escaneando.  O ato repetido mais algumas vezes antes de Simòne explodir:
- NÃO! NÃO! NÃO! Onde está o quadro Jaccquin? Você nos trouxe a cópia e deixou o verdadeiro quadro no museu!
                Jaccquin, que ainda segurado por dois capangas e parecesse mais calmo também explodiu.
- VOCÊ É MALUCA, MULHER? É claro que não confundi, afinal de contas eu só tive tempo de guardar a pintura antes que um guarda aparecesse. Certamente essa é a Monalisa.
- Não, não pode ser Jaccquin! A verdadeira Monalisa contém uma mensagem e uma das maneiras de ler essa mensagem é fazendo exatamente o que eu fiz. Apenas uma cópia não teria essa mensagem.
- Vai ver o seu limão que está estragado. Eu sei lá. Estou bem farto já desses joguinhos e quero as respostas que me foram prometidas e quero já.
                Simòne pareceu ignorar Jaccquin, voltou à pintura e tentou novamente, olhou pro sujeito que conversou com Jaccquin e disse:
- Chev, o que está acontecendo? Não pode ser, estava tudo de acordo com o plano. Isso não é possível.
                Simòne e Chev passaram algum tempo analisando a pintura. Finalmente chegaram a conclusão de que aquela também era uma cópia. E se aquela era uma cópia isso só pode significar uma coisa: A Monalisa, a verdadeira Monalisa, havia sido roubada. Mas por quem?


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